NOTA 95 - UMA NOVA CONCEPÇÃO DA TERRA - de Seiya Uyeda

1 - De acordo com esta nova concepção,a Terra é entendida como um corpo móvel,enquanto  na concepção tradicional,
oposta a esta,é encarada como sendo imóvel. Na nova concepção,um continente é parte de uma placa litosférica e move-se
com ela. Diversas placas litosféricas,grandes e pequenas,integram a superfície terrestre. Todos os fenómenos de grande magnitude
que actualmente ocorrem na superfície terrestre podem ser atribuidos ás movimentações relativas das placas.
2 - A "nova concepção" contribuiu enormemente para a nossa compreensão da Terra,mas deparamos ainda com inúmeros problemas
importantes. A opinião maioritária apenas começou ainda a transferir-se para uma visão mobilista da Terra. Contudo,pode chegar uma
altura em que se demonstre que esta "nova concepção" contém alguma falha fatal e,portanto,se torne obsoleta.
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"Uma Nova Concepção da Terra" de Seiya Uyeda,é um livro de divulgação científica,de área da geologia e da geofísica,editado em
Portugal em Abril de 1992,com base na edição inglesa de 1978 com o título "The New View of The Earth". O autor,SEIYA UYEDA,de
nacionalidade japonesa,é professor de geofísica na Universidade de Tóquio,lecionou em diversas universidades norte-americanas,foi
consultor académico nas Universidades de Oxford e Cambridge e tem sido galardoado internacionalmente com vários prémios.
Como o próprio nome indica,o livro apresenta a "nova concepção da Terra" baseada na mobilidade das placas tectónicas e fornece
aos leitores leigos uma base geral sobre ciências da Terra. Apesar do progresso rápido,continuam por resolver importantes problemas,
nomeadamente porque muitos deles não podem ser solucionados por meio de experimentação directa.
Nos termos do conceito da TECTÓNICA DE PLACAS, pensa-se que a superfície terrestre seja constituida por dez blocos sólidos com,
aproximadamente, 70 km de espessura,que interactuam entre si. Estas placas podem ser formadas por sub-placas,daí que ao longo
do livro se fale em 10,mas também em 13,em 12, e em 15 placas. Refira-se que na wikipedia.org/placas tectónicas se afirma que
"são reconhecidas  52 placas tectónicas,14 principais e 38 menores" e apresentam-se os nomes das placas principais,das placas
menores e das placas antigas. 
Seiya Uyeda salienta o contributo do cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) que defendeu que "os continentes de ambos os
lados do Atlântico-norte e sul-americano,euro-asiático e africano,já tinham estado unidos,tendo-se dividido e afastado até atingirem
as posições actuais,e que todos os outros continentes,incluindo a Índia,a Austrália e a Antárctica,também faziam parte de um
gigantesco protocontinente,a que deu o nome de PANGEIA. Esta ideia de Alfred Wegener  resultou da constatação de que os contornos
dos continentes se ajustam e encaixam uns nos outros.
A TERRA é constituida por camadas,como uma cebola,compreendendo uma CROSTA continental exterior com uma espessura entre
30 a 50 km - a crosta oceânica é inferior a 10 km na maior parte dos lugares - um MANTO sólido,que se estende até á profundidade de
2.900 km, um NÚCLEO externo que se crê ser líquido,e,finalmente,um NÚCLEO interno sólido,de aproximadamente 1.100 km de raio,
no centro da Terra. (o núcleo externo,líquido,vai dos 2.900 km aos 5.150 km;o núcleo interno,sólido,vai dos 5.150 km aos 6371 km - cfr.
wikipedia/estrutura interna da terra)
A velocidade média de deslocação das placas tectónicas mais rápidas é de 6 cm a 9 cm por ano,enquanto que a velocidade média das
restantes é inferior a 4 cm por ano (algumas) e a 2 cm por ano (a maior parte).
Fala do FUNDO OCEÂNICO e das "cristas-meso-oceânicas" que são as maiores estruturas topográficas suboceânicas,das zonas mais 
profundas denominadas "FOSSAS" e dos numerosos montes submarinos;contudo,apesar das cristas,dos montes e das fossas,o fundo
oceânico é vasto e muito plano. Seria lógico supôr que a zona média do oceano fosse a parte mais profunda,mas não é assim. As
"fossas" encontram-se na proximidade do continente,na margem. Por exemplo,as mais altas montanhas  das ilhas japonesas encontram-se
apenas a 2.000 metros acima do nível do mar,enquanto que a "fossa" do Japão tem mais de 6.000 metros de profundidade.
Refere que a Península da Escandinávia,aliviada do grande peso da camada glaciária que a cobria,começou a elevar-se,e eleva-se
ainda a uma velocidade de vários milímetros por ano.
Os OCEANOS cobrem dois terços da superfície terrestre,mas o Oceano Atlântico nem sempre existiu,embora neste momento a sua área esteja a aumentar,enquanto a área do oceano pacífico está a diminuir.
As FORMAS DE VIDA encontram-se em constante evolução desde há mais de 3 mil milhões de anos e as ROCHAS que compõem a
crosta e o manto são semi-condutores eléctricos,o que quer dizer que possuem alguma condutividade,embora não sejam bons
condutores e,pensa-se,que a causa principal do geomagnetismo sejam as correntes eléctricas que fluem no núcleo metálico da Terra,
as quais são mantidas por uma espécie de acção de dínamo no núcleo da Terra.
A "crosta" da Terra parece que flutua no "manto" da Terra,como os icebergues flutuam na água. Um SISMO pode ser descrito como
um fenómeno em que se produzem deslocamentos na crosta ou no manto superior como resultado de forças interiores. Os sismos
podem ser profundos ou superficiais - sendo estes muito mais espetaculares,porque a energia libertada é muito maior e,consequente-
mente,o impacto na sociedade humana,é muito mais significativo. "Grandes sismos" são aqueles que têm uma magnitude superior a
7,5  e refere alguns dos maiores: o terramoto de São Francisco,em 1906,que atingiu a magnitude de 8,25; o terramoto japonês de
Kanto,em 1923,com 8,2; o do Chile,com 8,3;o do Alasca,em 1964,com 8,4 e refere que não há registo de um tremor de terra com
magnitude superior a 8,7. Contudo,numa nota de rodapé do tradutor do livro,que cita o autor português A.Ribeiro e o livro "Introduction
à La Géologie Génerale du Portugal"(1979),fala-se no "terramoto de Lisboa de 1755" que terá atingido uma magnitude compreendida
entre 8,75 e 9 e foi acompanhado por um "tsunami" que atingiu mais de 15 metros de altura na costa portuguesa. Refere-se também
no livro que o intervalo de tempo entre grandes abalos sísmicos de uma região é de,aproximadamente, 100 anos.
"Uma Nova Concepção da Terra" aborda muitos outros temas,como,por exemplo,como se formaram as montanhas,o campo
magnético,o alastramento do fundo oceânico,,o magma,as ondas sísmicas,a astenosfera,o Gonduana,,a teoria das pontes
continentais,etc.. Fornece,por isso,como diz o autor a págs. 13,uma base geral sobre ciências da Terra para leitores leigos.
Mas,é claro que existem muitas questões sem resposta e dos grandes problemas da geofísica que são identificados a fls 10
"nenhum deles se encontra ainda completamente solucionado,permanecendo todos tão importantes como sempre".  Assim,
................................................................ A leitura de " Uma Nova Concepção da Terra ", de Seiya Uyeda,não pode deixar
de ser considerado como uma excelente forma de conhecermos melhor o planeta onde vivemos.